Antes de saber como lidar, é preciso entender melhor sobre quem estamos falando. Os jovens da geração do quarto são caracterizados por terem uma forte dependência do universo digital.
Assim, eles passam muitas horas do dia ou noite jogando videogame, assistindo a vídeos, navegando nas redes sociais e se comunicando apenas virtualmente.
Eles preferem conversar via mensagens ou chamadas de vídeo, em vez de ter encontros presenciais, tanto com familiares quanto com os amigos.
Além disso, muitos são bem ativos na criação de conteúdo digital, como vídeos curtos, posts em blogs, redes sociais ou streams de jogos.
Mas, por que se comportam assim?
Vários fatores contribuem para esse comportamento, então vamos explorar alguns deles para compreender melhor o que motiva os jovens a passarem tanto tempo em seus quartos.
- Avanços tecnológicos
A disponibilidade de internet e o fácil acesso a dispositivos móveis tornaram a vida digital extremamente atraente para a juventude.
Plataformas de streaming e redes sociais oferecem conteúdo ilimitado dos mais variados tipos, tornando o ambiente digital muito convidativo para passar tempo se entretendo.
Quando isso se soma ao conforto e privacidade do seu “próprio canto”, tudo tende a ficar perfeito aos olhos dos jovens.
- Pressões sociais e educacionais
Muitos jovens encontram na individualidade do quarto um verdadeiro alívio das pressões externas, como as demandas escolares e a necessidade de lidar com as expectativas sociais vivenciadas no âmbito presencial.
Em outras palavras, a geração do quarto usa esse espaço como um tipo de refúgio onde podem relaxar e descontrair sem as cobranças do mundo físico, optando por se conectar com as pessoas apenas quando realmente desejarem.
- Segurança e conforto
De modo geral, o quarto sugere ser um ambiente seguro, íntimo e controlado, onde os jovens podem ser eles mesmos sem julgamentos. Se trata do seu espaço próprio onde podem expressar-se sem interrupções e com liberdade.
- Individualidade
Há uma valorização cada vez maior da individualidade entre os mais jovens e estar no próprio quarto traz isso de maneira única.
Afinal, esse espaço é frequentemente decorado de acordo com os gostos e interesses do jovem, refletindo assim a sua personalidade.
Como os adultos de outra geração veem isso?
Quem vem de gerações anteriores têm muita dificuldade em compreender a geração do quarto.
Com isso, é comum que surjam julgamentos e preocupações, pois a vida dos adolescentes de hoje é muito diferente da que os adultos de outras gerações experimentaram em sua juventude.
Os mais velhos tendem a ter uma percepção de que esse isolamento e a dependência tecnológica são prejudiciais ao desenvolvimento dos jovens, pois temem que eles estejam perdendo experiências e habilidades sociais importantes.
Por vezes, o tema vira pauta de discussões acaloradas, uma vez que para gerações mais antigas as complexidades e profundidade das interações digitais não são tão fáceis de compreender.
É um problema real os jovens viverem assim?
Se por um lado, o quarto oferece um espaço de conforto e segurança dentro do lar, por outro, pode levar ao isolamento social e à falta de atividade física.
Sendo assim, a chave está em encontrar um equilíbrio onde os jovens possam aproveitar os benefícios da tecnologia sem comprometer sua saúde mental e física.
Aspectos positivos:
- Autogestão: passar algum tempo conectado virtualmente como gostam ajuda os jovens a lidarem com a autogestão do tempo. O ponto é determinar e respeitar um período para isso, entendendo que limites são necessários.
- Criatividade: muitos usam o tempo no quarto para atividades criativas e benéficas, como a produção de conteúdo digital relevante.
- Conexões globais: estar conectado à internet possibilita que os jovens ampliem suas interações com pessoas de diferentes culturas e interesses. Com supervisão, isso pode ser muito positivo.
Aspectos negativos:
- Isolamento social: ficar o tempo todo no quarto diminui as oportunidades de interação social presencialmente, e esse é um aspecto importante na vida de qualquer pessoa.
- Sedentarismo: a falta de atividade física pode provocar problemas de saúde a longo prazo. E, vamos combinar, o sedentarismo não é um problema novo entre os mais jovens e os pais com frequência precisam intervir.
- Dependência tecnológica: o uso excessivo de dispositivos eletrônicos pode acarretar diversos males como insônia, ansiedade e problemas de visão, por exemplo.
Como os pais devem agir com a geração do quarto
Ao invés de condenar ou rejeitar esse comportamento, é importante buscar um equilíbrio e buscar dialogar com os jovens sobre a importância de estabelecer limites saudáveis.
Dessa forma, uma boa saída é estabelecer períodos específicos para o uso de dispositivos eletrônicos, garantindo que os jovens invistam tempo em outras atividades, como ler, praticar exercícios físicos e principalmente socializar fora do ambiente digital.
Outra estratégia bacana é demonstrar interesse pelas atividades digitais dos mais jovens, fortalecendo a conexão e se aproximando mais do universo deles.
Os pais podem participar das atividades online dos filhos quando possível, jogando videogame juntos ou assistindo aos vídeos que eles gostam, mostrando que valorizam suas escolhas e interesses – não apenas criticam.
Fazendo isso, os jovens tendem a ceder mais facilmente quando os pais decidem conversar sobre a necessidade de dosar tempo dentro e fora do virtual.
Quando é preciso se preocupar?
4 sinais de alerta
- Declínio no desempenho escolar: notas baixas ou desinteresse expressivo nas tarefas escolares podem ser indicativos que ficar muito tempo no quarto se tornou um problema.
- Isolamento extremo: evitar qualquer tipo de interação social, inclusive com a família, é um sinal de que ficar imerso no ambiente digital está afetando negativamente a capacidade do jovem de se relacionar.
- Problemas de saúde mental: estar constantemente no quarto e junto a isso aparecer sinais de depressão, ansiedade ou outras condições de saúde mental são um ponto alto de atenção e exigem intervenção imediata.
- Distúrbios de sono: insônia constante ou sono desregulado devido ao uso excessivo de dispositivos apontam que existe um desequilíbrio importante e é preciso intervir.
Em um contexto geral, os pais devem manter-se informados sobre as dinâmicas das novas gerações, estando atentos às suas necessidades emocionais e físicas para criar um ambiente de apoio, compreensão e equilíbrio.
Desse modo, acompanhar e entender os jovens da geração do quarto é algo que vai exigir compreensão, flexibilidade e uma abordagem proativa para garantir que eles cresçam e aprendam sobre a importância de um ambiente que valorize tanto o espaço pessoal quanto a conexão familiar.