A gagueira infantil é identificada quando as crianças demonstram uma dificuldade recorrente na fala. Elas podem prolongar ou repetir uma sílaba antes da pronúncia. A adaptação e familiaridade com as palavras parece não trazer facilidade na pronúncia, fazendo com que a criança gagueje.
Segundo dados divulgados pela Revista Crescer, o problema atinge cerca de 2% da população mundial e em boa parte dos casos, desde cedo a gagueira aparece. Na maioria das vezes se manifesta ainda na infância.
Identificar se realmente existe o problema, e buscar ajuda o quanto antes é um dos pontos essenciais para ajudar na fluência dos pequenos.
Como identificar a gagueira infantil?
Antes de tudo é importante dizer aqui que as crianças passam por períodos de disfluência. Isso ocorre em especial entre os 2 e 4 anos, período em que os pequenos estão se adaptando à fala e começando a ganhar velocidade na hora de se comunicar.
Nesse tempo, as crianças estão interagindo e experimentando o vocabulário e podem passar por períodos de confusão com as palavras. Isso gera dificuldades na comunicação que devem se resolver naturalmente com o passar do tempo.
É comum também que a gagueira venha associada com alguma diferença na feição. Por exemplo, um franzir de testa ao tentar falar determinada palavra ou piscar os olhos com mais força.
Essas repetições involuntárias ou mesmo a parada da frase – o que leva a não conclusão do pensamento da criança – podem causar nervosismo e vergonha, o que, no longo prazo, trará problemas de autoestima.
Gagueira nem sempre é emocional
É comum encontrar por aí conteúdos que associam a gagueira infantil a problemas e bloqueios emocionais. Porém, estudos apontam que, na verdade, o quadro pode ter uma origem genética.
Embora não haja um consenso sobre a origem do problema, há estudos que o relacionam às alterações no sistema nervoso que impactam justamente o desenvolvimento da fala.
Outra teoria é de que, ao apresentar o quadro, a criança possa ter algum problema na musculatura vocal.
De qualquer forma, os fatores emocionais não são completamente descartados. Medo e timidez extremos, por exemplo, podem, sim, causar um quadro de gagueira – o que pode ser solucionado através de acompanhamento profissional.
Dicas importantes para pais e mães
Ao identificar um quadro de gagueira infantil a primeira coisa a ser feita é buscar ajuda de um fonoaudiólogo infantil. Esse profissional é capaz de guiar o melhor tratamento e determinar estratégias para amenizar ou acabar de vez com essa dificuldade na fala.
Mas, além disso há outras coisas que os pais podem fazer para estimular os pequenos e diminuir os impactos que a gagueira pode trazer para a vida das crianças. Veja só:
- Não interromper a criança quando ela estiver falando;
- Não tentar “completar” a palavra que a criança está tentando pronunciar;
- Não tirar sarro ou fazer da gagueira uma piada;
- Não chamar a criança de “gaga”;
- Manter atenção e contato visual enquanto a criança fala para demonstrar interesse;
- Falar mais devagar e calmamente com a criança.
É claro que nenhuma dessas estratégias é suficiente para solucionar a gagueira por si só, e isso dependerá da gravidade do quadro. Porém, com certeza são atitudes importantes para auxiliar no desenvolvimento infantil e reduzir qualquer efeito que o problema possa causar no psicológico.
Como é possível tratar ou lidar com a gagueira infantil?
Uma vez que você perceba indícios de gagueira infantil, é fundamental buscar orientação profissional. O fonoaudiólogo orientará os pais e ajudará a criança no processo de desenvolvimento físico relacionado a cordas vocais, além de trabalhar para o alcance da fluência na fala.
Preferencialmente escolha um fonoaudiólogo especializado em gagueira. Assim ele saberá exatamente como auxiliar com o problema, entendendo os pormenores que essa dificuldade na fala envolve.
Além disso, outras pessoas do convívio da criança devem ser orientadas sobre como lidar com a situação. Á começar, é claro, pela escola. Os professores devem ter ciência do diagnóstico para traçarem um plano de aprendizagem adequado para o aluno.
Gagueira infantil e aprendizagem – quais são os impactos?
Um artigo publicado pela Nova Escola aponta quais são os impactos da gagueira infantil no desenvolvimento escolar. Afinal, o quadro pode não somente causar dificuldade da aprendizagem, como também trazer obstáculos na interação com colegas e professores.
Isso porque, situações que possam gerar qualquer tipo de constrangimento tendem a causar um isolamento como forma de autoproteção. Com isso, o desempenho cai e o aluno se sente cada vez mais excluído.
Os professores, portanto, devem ser orientados e pesquisar sobre a tratativa adequada para os pequenos que apresentam disfluência da fala, seja ela qual for, mas, sobretudo, a gagueira.
É essencial que o educador sirva de modelo para que os colegas de classe também respeitem e aprendam a conviver com qualquer dificuldade de fala sem transformar isso em motivo de chacota. Algumas dicas são:
- Tratar o aluno exatamente como os demais;
- Demonstrar apoio através do contato visual;
- Demonstrar que compreende o que a criança diz repetindo as falas;
- Fazer perguntas que possam ser respondidas de forma curta e objetiva;
- Estimular a leitura em dupla.
Além disso, brincadeiras com rimas e músicas tendem a ajudar muito na contenção de um quadro de gagueira infantil. Isso também pode ser estimulado em casa, com os pais e/ou irmãos.
É preciso ter paciência e amor para lidar com a situação, acolhendo a criança e passando segurança. No entanto, saiba que muitas vezes a gagueira infantil pode regredir espontaneamente e se tornar imperceptível, garantindo à criança qualidade de vida e bem-estar.