Não é novidade que milhares de mulheres são as principais provedoras em suas famílias. Entretanto, cuidar de um bebê e empreender ao mesmo tempo pode ser muito desafiador. Então, será que o empreendedorismo materno vale a pena mesmo?
A chegada de um filho muda totalmente a rotina de uma família, especialmente a da mulher.
Existem aquelas que contam com ajuda dos parceiros, aquelas que tem rede de apoio de familiares ou amigos, mas também há quem trilhe essa trajetória sozinha – seja por escolha ou pela falta dela.
Em meio ao novo contexto de vida que inclui o bebê, algumas mulheres optam por dar uma pausa na carreira, especialmente aquelas que atuam no mercado formal. Com isso, escolhem percorrer outros caminhos profissionais e um deles é a construção de um negócio próprio.
Mas, afinal, é mesmo possível equilibrar o empreendedorismo materno com a rotina de cuidados de um bebê? Essa é uma dúvida plausível, pois além de mãe e profissional, a mulher tem outros papeis como: esposa, filha, estudante, dona de casa, dentre muitos outros.
Sendo assim, é realmente possível conciliar tudo? Acompanhe a leitura e descubra agora!
Empreendedorismo materno vale a pena?
A gestão de qualquer negócio é uma tarefa que exige muito esforço, mas quando se trata do “próprio negócio” esse gerenciamento se torna ainda mais desafiador.
Entretanto, no Brasil, as mulheres têm optado cada vez mais por esse caminho profissional, sobretudo após a chegada dos filhos.
Em um novo contexto profissional, a mulher busca também ter mais autonomia para trabalhar com as atividades que considera mais interessante para si.
Algumas decidem colocar antigos projetos em prática, outras utilizam a bagagem profissional como ponto de partida para modelar o negócio próprio. Mas, como saber se empreender vale a pena, justamente quando a maternidade acabou de chegar?
A resposta envolve muitas variáveis, e para encontrá-la é preciso entender melhor o que significa o empreendedorismo materno.
O que é o empreendedorismo materno?
Fugindo de uma explicação técnica, podemos dizer que o empreendedorismo materno se define principalmente pela postura da mulher em seu novo contexto de vida como mãe.
Pode se encaixar nos casos em que, após dar à luz, a mãe que já era empreendedora retorna às atividades profissionais, ou nos casos em que a mulher decide exercer uma nova atividade escolhendo empreender.
O fato é que a maioria das mães precisam trabalhar. Infelizmente, são poucas as mulheres que não se veem diante da necessidade de encontrar uma fonte de renda para manter as contas em dia.
Mas, ao empreender, essa mãe prioriza ter um formato de trabalho que permita mais flexibilidade para se dedicar também às necessidades do seu bebê.
Por que as mães empreendem?
Conforme mencionamos, a decisão muitas vezes se dá mais por necessidade do que por um desejo real. As mães que têm a oportunidade de se dedicar exclusivamente aos cuidados com o bebê, podem postergar seus planos profissionais – se assim desejar.
O número de mulheres que escolhem o empreendedorismo materno cresce, mas não é pelo fato de que ter um negócio próprio garante o sucesso profissional.
A verdade é que a despeito das dificuldades e desafios, as mães encaram a empreitada visando suprir as necessidades financeiras da família. Além disso, a maioria das mães que empreendem se sentem capacitadas para isso.
Segundo o IRME – Instituto Rede Mulher Empreendedora, em 2019 uma pesquisa apontou que cerca de 69% das mulheres empreendedoras possuem ensino superior completo, ou formação acima dessa.
Soma-se a isso, os dados de uma pesquisa mais recente feita em 2021, que apontou que 45% das empreendedoras realizaram algum curso voltado exclusivamente para o empreendedorismo.
Estatísticas do empreendedorismo feminino
De acordo com um estudo do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2020 – que é o principal estudo sobre empreendedorismo mundial – cerca de 55,5% dos novos negócios nascidos nesse período foram de mulheres. Ainda segundo o GEM, as mulheres representam 46% das atuais empresas com até 3 anos.
Complementando, segundo informações do IRME, 57% das empresas femininas são MEI e 54% delas estão no nicho de serviços. Os dados chamam a atenção por tratar-se de um ano complicado – economicamente falando – devido à pandemia.
Os dados do IRME esclarecem também que grande parte das empreendedoras trabalham em suas residências, oferecendo serviços de alimentação, beleza e moda.
Desse modo, é possível concluir que um perfil mais específico de mulheres tem apostado no empreendedorismo. Para elas, o desafio provavelmente deve valer a pena.
Desafios do empreendedorismo materno
Para saber se o empreendedorismo materno vale a pena, é importante levar em consideração as principais necessidades que a profissional e mãe precisará atender.
Aqui, vamos destacar as quatro de maior relevância.
1. Gestão do tempo
O tempo é o mais valioso e democrático recurso que existe, uma vez que é igual para todos. Por isso, gerenciá-lo é importante, mas no caso de quem empreende se torna simplesmente crucial.
Se considerarmos as demandas da maternidade somadas às demandas profissionais, dividi-las dentro de períodos diários é essencial, tomando o cuidado de analisar a possibilidade de imprevistos.
Além disso, vale lembrar que uma mulher dificilmente cuida somente dos papéis de mãe e trabalhadora, pois geralmente ela precisa atuar em outras áreas da vida. Talvez seja necessário dar auxílio aos pais idosos, ou se for casada, tem seu papel de esposa e por aí vai…
2. Encontrar uma rede de apoio
Sabemos que muitas mulheres não contam com apoio para realizar todas as tarefas do dia a dia. Mas, no caso de quem deseja aderir ao empreendimento materno, uma rede de apoio será fatalmente necessária.
Se a mãe não pode contar com familiares e amigos, ela deve considerar contratar pessoas que possam auxiliá-la com algumas demandas, por exemplo: uma diarista para os cuidados com a casa, uma babá ou escolinha por meio período, etc.
3. Capacitação técnica adequada
Para as mães que não possuem capacitação técnica em empreendedorismo, é de suma importância considerar a realização de um curso.
Além disso, para quem já tem alguma formação, ainda assim será necessário realizar estudos voltados ao mercado onde vai atuar como:
- Vendas;
- Finanças;
- Administração;
- Gestão de pessoas;
- Compras;
- Marketing;
- Logística.
Dentre outros assuntos, a depender do tipo de negócio. É por isso que gerenciar o tempo, determinando dias e horários para cada atividade pode ser determinante para as coisas darem certo.
4. Capacidade financeira
Todo e qualquer tipo de negócio precisa de investimento financeiro. Por mais que alguns custos sejam otimizados, ainda assim será preciso ter recursos.
Sendo assim, não se engane acreditando que um negócio que funciona em home office não gera despesas, porque isso nem de longe é verdade.
Quem estuda e se prepara para o empreendimento materno vai compreender que antes de colocar um negócio próprio para funcionar, é necessário validar a ideia. Caso contrário, as chances de gastar tempo, energia e dinheiro da forma errada são bem grandes.
Para ter clareza sobre a viabilidade de um negócio, você deve analisar uma série de fatores ligados ao mercado de atuação, e isso exige estudo, pesquisa e conhecimento para lidar com todas as informações.
Como começar no empreendedorismo materno
O ponto de partida para investir em um negócio próprio é o planejamento. Nesse aspecto, além do planejamento em relação aos 4 pontos que citamos anteriormente, é preciso também traçar um “plano de negócio”.
Plano de negócios
Esse documento é essencial para orientar suas decisões não apenas no começo, mas durante um bom período depois que a empresa estiver faturando.
O plano de negócios é uma espécie de mapa contendo orientações primordiais para quem administra um negócio. Ele também será essencial para que possa avaliar se sua ideia de empresa é viável ou não.
Pesquisa de mercado
A pesquisa de mercado é primordial para que você possa identificar seu público-alvo, mas principalmente entender quais são as soluções que eles precisam. Com base nisso, você deve moldar seu produto e serviço de maneira a se tornar a melhor opção para “resolver” o problema de sua clientela.
Ao longo do tempo, as pesquisas de mercados auxiliam no crescimento de uma empresa, trazendo novos insights que ajudam a definir como escalar seu negócio.
Análise da concorrência
Analisar a concorrência é um dos passos mais importantes para que vai empreender. Se trata de observar o que os concorrentes vem fazendo, com um olhar atento às oportunidades. Não se trata de copiar estratégias, mas de observar alguma lacuna que você possa atender.
O que a concorrência tem deixado de fazer pode ser justamente o diferencial do seu negócio, pois você passa a oferecer ao cliente algo além do que ele já vê disponível no mercado.
Defina metas relevantes
Todo negócio precisa compreender onde está e para onde deseja ir. Mas, é preciso ter coerência na elaboração destes pontos. Contudo, eles mandatoriamente precisam existir, pois metas são uma baliza importante para todas as empresas.
Gere metas para vendas, dinheiro, tempo, custos, etc. Avalie seu negócio como um todo e estipule metas para cada área. De acordo com elas, estabeleça planos de trabalho para que possa atingi-las.
Afinal, empreendedorismo materno vale ou não a pena?
Ao longo desse conteúdo, você deve ter compreendido quase são as principais demandas e necessidades de quem deseja empreender e conciliar isso com a vida de mãe – e todos os demais papeis que desempenhar.
Pare um momento e reflita brevemente: o que você acha? Vale ou não a pena encarar o empreendedorismo materno atualmente?
Não queremos decepcioná-la, mas essa resposta não está pré-definida com um SIM ou NÃO para nós, só você poderá responder!
Cada mãe tem um contexto de vida diferente, e apesar de todas terem em comum a responsabilidade de cuidar dos filhos, não podemos generalizar.
Apesar das pesquisas indicarem que a grande maioria das mulheres empreendem por necessidade, existe uma parte delas que escolhem trabalhar porque esse aspecto de sua vida lhe traz grande realização.
Isso quer dizer que existem mães que amam seus filhos e até poderiam abrir mão da vida profissional, mas não o fazem porque entendem que essa é uma parte importante de sua vida também. E está tudo bem!
Empreendedorismo materno existe, mas não é para todas as mães
O que podemos afirmar é que o empreendedorismo materno tem desafios, mas empreender por si só, já carrega algumas dificuldades. Porém, quem escolhe esse caminho e se prepara para ele, tem grandes chances de obter sucesso.
Ter um negócio próprio exige um perfil de pessoa, então só a própria mãe pode dizer o quanto está disposta a se dedicar ao empreendedorismo na fase da maternidade que está vivendo.
Se as demandas de ter o próprio negócio parecerem ser demais neste momento, talvez postergar o projeto seja uma opção. Ou, talvez você perceba que não é bem isso que deseja para sua vida profissional. E saiba, não há nada de errado se esse for o seu caso.
O empreendedorismo materno é apenas um do diferentes caminhos profissionais que a mãe pode trilhar. O mais importante é que a mulher se sinta feliz como mãe e profissional.