A culpa materna pode ser definida como o sentimento de inadequação que muitas mães provam quando acham que não estão cumprindo as expectativas em relação ao cuidado e à educação de seus filhos.
Esse sentimento pode surgir por diversas razões e algumas são bem triviais como a escolha da alimentação, forma de disciplinar no dia a dia, uso de vestimentas, entre outras.
Muitas vezes, a culpa é alimentada pela pressão social, expectativas alheias que geram um peso enorme sobre as mulheres que tentam atender a esses padrões – e até pelas próprias expectativas irreais que as mães colocam sobre si mesmas.
A culpa materna pode ter várias origens, por exemplo:
- Comparações com outras mães: nas redes sociais, é fácil comparar-se com outras mães que parecem ter tudo sob controle. Contudo, é importante lembrar que aquilo que as pessoas mostram é um recorte de suas vidas e nem sempre o que estão dizendo é verdadeiro.
- Perfeccionismo: muitas mães têm desejos irreais de perfeição e quando não conseguem cumprir essas altas expectativas, sentem-se culpadas.
- Eventos específicos: certos eventos ou decisões podem desencadear a culpa materna, como voltar ao trabalho após a licença maternidade, uma doença do filho, ou um momento de impaciência onde não foi possível conter as palavras ou ações negativas.
E como eu lido com a culpa materna?
Reconhecer a existência de algum nível de culpa materna é o primeiro passo para recuperar o bem-estar emocional das mães. Ou seja, é de suma importância não ignorar o sentimento e buscar estratégias para ajudar a gerenciá-lo. Veja algumas:
- Aceitação das imperfeições inerentes ao papel de mãe
É fundamental aceitar que todas as mães cometem erros em algum momento – afinal, são humanas – e lembrar que a perfeição é inatingível no contexto da criação de filhos.
Desse modo, é primordial ter autocompaixão e isso significa tratar-se com a mesma gentileza e compreensão que você ofereceria a um amigo a quem ama.
Simplesmente reconheça que está fazendo o seu melhor com os recursos e conhecimentos que têm à mão. Aprenda com os erros e evolua continuamente.
- Identificação dos gatilhos
Se você entender quais são os gatilhos que despertam a culpa materna no seu caso, ficará mais fácil ajudar a reduzir sua frequência e intensidade.
Para isso, você pode manter um diário onde possa anotar os momentos exatos em que se sentiu culpada, detalhando o que estava acontecendo na hora e como reagiu.
É algo simples, mas que após sair do calor da situação e refletir com mais calma pode oferecer insights valiosos sobre como evitar alguma postura ou trazer ideias para fazer diferente no futuro.
Dica extra: leve esse material à sessão de terapia para receber orientações específicas.
- Entenda seus limites e os respeite
É importante estabelecer limites tanto para si mesma quanto para os outros em relação ao que você dá conta de realizar no papel de mãe.
Para isso dar certo, é necessário entender que sempre é possível delegar ou dividir algumas responsabilidades, e não há nada de errado com isso.
Reconheça que é aceitável buscar um equilíbrio entre as várias demandas da vida, sendo realista sobre o que você pode e não pode fazer com qualidade.
- Buscar apoio focado no assunto
Conversar com outras mães que enfrentam os mesmos desafios pode ser muito reconfortante.
Sendo assim, busque sem medo grupos de apoio, fóruns online ou mesmo orientação psicológica que possa dar uma perspectiva externa que ajudará a relativizar suas preocupações e o sentimento de culpa persistente.
Transformando a culpa materna em aprendizado
Usar a culpa como uma oportunidade de aprendizado e crescimento pode transformar uma experiência negativa em algo positivo.
Desse modo, quando sentir culpa, pergunte-se sempre o que pode aprender com a situação para lidar de maneira construtiva em situações futuras semelhantes.
Essa autoavaliação não é para se criticar, mas para entender melhor suas emoções e comportamentos, permitindo-lhe crescer como mãe.
A ideia é mudar a perspectiva da culpa, transformando-a em uma ferramenta para melhorar sua relação com seus filhos e consigo mesma.
Encarar os erros como parte do caminho faz com que as mães se tornem mais preparadas para enfrentar as adversidades maternas com sabedoria e empatia, tornando cada situação uma oportunidade de ser melhor do que ontem.