Olá, mamãe! Hoje vamos discutir um assunto delicado, mas que precisa ser abordado: o luto infantil.
Perder um ente querido muito próximo, ou mesmo um bichinho de estimação, já é algo difícil para nós, adultos. Para uma criança, esse acontecimento causa vários sentimentos que podem marcá-la para o resto da vida. Diante disso, fica a dúvida: como ajudá-la nessa situação?
Por isso, neste post, falaremos sobre quais são as fases do luto, de que forma a idade da criança afeta a sua maneira de entender a morte, maneiras de compreender o que a criança está passando e como lidar com o luto dos pequenos. Acompanhe!
Como as crianças entendem a morte?
As crianças enxergam a morte de diferentes formas, dependendo da sua idade. Até os 3 anos, a criança não entende o conceito de morte, pois ela ainda está desvendando o mundo e se desenvolvendo.
Dos 3 aos 7 anos, ela começa a assimilar o conceito, mas podemos dizer que a criança acredita na “ressurreição”, como se o ente querido pudesse voltar à vida. É só a partir dos 7 anos que o pequeno compreende que a morte é, de fato, uma “ida sem volta”.
Além disso, é fundamental saber que as crianças também passam pelas 5 fases do luto, apontadas pela psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross:
- negação: momento em que é difícil acreditar no ocorrido;
- raiva: sentimento de revolta por saber que não é possível reverter a situação;
- negociação: a pessoa tenta aliviar a sua dor fazendo promessas de mudança de comportamento ou religiosas;
- depressão: estágio de extrema tristeza e isolamento, podendo ser o mais perigoso, caso não seja tratado corretamente;
- aceitação: o indivíduo aceita o fato verdadeiramente, não negando mais a realidade.
Como as crianças podem agir durante o luto?
Assim como os adultos, os pequenos podem reagir das maneiras mais diversas. Infelizmente, não é possível prever como a criança vai lidar com a perda de um familiar ou de um cãozinho, por exemplo.
Além das atitudes comuns dos estágios do luto, a criança pode apresentar os seguintes comportamentos:
- indiferença: o pequeno finge que não está nem um pouco abalado pelo luto, se fazendo de “forte”, ou perde o interesse em atividades de que gostava;
- mutismo: a criança fica um bom período sem querer falar (um exemplo é o que acontece com a personagem Molly no filme “Corina, uma babá perfeita”);
- medo de uma nova perda: ela tem medo que o mesmo aconteça com você, mamãe, e com outras pessoas de que ela gosta, tornando-se superprotetora. Ela pode fazer birra quando você sai para trabalhar, por exemplo, com medo de que não volte mais;
- agressividade: a criança fica violenta e bate nos coleguinhas sem nenhum motivo aparente;
- retrocesso de aprendizagem: se ela estava indo bem na escola, essa situação pode se reverter;
- sintomas físicos: dores de cabeça, perda de apetite, insônia, fraqueza, desmaios;
- sintomas psicológicos: pesadelos constantes, depressão, ansiedade, pânico;
- infantilização: uma criança de 10 anos que está vivenciando o luto pode começar a fazer as manhas que uma criança de 4 anos costuma fazer, para chamar a atenção e mostrar que precisa de você.
Em qualquer um desses casos, é essencial demonstrar empatia, carinho, paciência e compreensão. Brigar pode piorar as atitudes negativas que a criança está apresentando.
Como lidar com o luto das crianças?
Realmente, essa é uma questão desafiadora, especialmente se você, mamãe, também ainda está vivenciando e lidando com a mesma dor. Mas é muito importante abordar o assunto com o pequeno, pois ele passará por situações semelhantes no futuro.
É necessário encarar a questão até para evitar os comportamentos mais extremos que apontamos no tópico anterior. Por isso, trouxemos algumas dicas que podem ajudar nesse momento complicado.
Evite falar da morte usando fantasias
Frases como “o vovô fez uma viagem longa”, “a vovó está descansando para sempre” ou, no caso de animais de estimação, “o Totó foi para uma linda fazenda” não são recomendadas — especialmente se a criança está na faixa de 3 a 7 anos que citamos acima, na qual acredita que a morte é reversível.
Lembre-se de que as crianças interpretam tudo ao pé da letra e podem rebater essas afirmações: “vamos para o lugar onde o vovô está”, “vamos acordá-la”, “vamos nessa fazenda, então”. Isso também pode dar a falsa esperança de um retorno que não vai acontecer e que vai deixar o pequeno ainda mais triste.
Não reprima os sentimentos da criança
Isto é fato: os pequenos são muito honestos ao se expressarem. Quando estão tristes, eles choram até ficarem com dor de cabeça, enquanto os adultos procuram disfarçar suas emoções. Por isso, não impeça que o seu filho chore ao receber a notícia. A criança deve se sentir amada e protegida por você, especialmente em um momento delicado como esse.
Converse com o pequeno
Ao contar o que aconteceu, tente falar da maneira mais branda e honesta possível, de modo que ela possa entender. O equilíbrio é indispensável: não apele para fantasias, mas também não fale sobre o tema com frieza. Depois disso, encoraje a criança a falar sobre o que ela está sentindo. Fale que você entende e compartilha dos sentimentos dela.
É bastante comum que o pequeno comece a fazer questionamentos sobre a morte, como o que acontece depois dela e por que as pessoas morrem. Demonstre que você não sabe a resposta para essas perguntas também e fale que existem várias crenças sobre o tema. Tenha sempre muita paciência.
Relembre a pessoa que partiu
No início, realmente é sofrido ver uma foto de alguém querido que se foi, ver vídeos ou falar sobre ele/ela. Mas são justamente as memórias que fazem com que uma pessoa permaneça viva em nossos corações. Para a criança, é muito bom que ela se lembre do falecido com carinho, que ouça histórias sobre ele. Agir como se a pessoa não tivesse existido não privará a criança da dor.
Busque ajuda especializada
A terapia pode, sim, ser uma ótima solução para crianças que estão vivenciando o luto. Um profissional especializado pode ter uma visão mais objetiva sobre como o pequeno está lidando com o fato e apontar o que deve ser feito para reverter um quadro de depressão ou ansiedade, por exemplo.
Essa dica também é válida para você, mamãe, caso também esteja de luto. Sabemos que é difícil consolar o seu filho quando você mesma ainda não está lidando bem com o acontecimento. Para que o pequeno passe por essa situação da melhor maneira possível, cuide das suas próprias emoções para ser o apoio emocional dele.
Esperamos que o nosso texto tenha ajudado você a entender como lidar com o luto infantil. Para receber mais dicas importantes sobre a infância, assine a nossa newsletter gratuitamente!