Algumas vezes, o relacionamento a dois passa por conflitos, mas quando os filhos já são parte da família, as brigas dos pais podem afetá-los mais do que se imagina. Isso não tem a ver só com a idade das crianças, mas em “como” elas internalizam o que ouvem e presenciam.
Infelizmente, nem sempre é possível evitar desentendimentos entre o casal, mas sempre existem formas de escolher assertivamente nossas próprias reações. Sobretudo, quando temos consciência de que nossos atos podem impactar outras pessoas.
Talvez, você tenha vivenciado isso na sua infância e saiba exatamente do que estamos falando. Porém, mesmo quem passou por situações como essa e as superou, não está livre de reproduzir alguns comportamentos.
Acompanhe a leitura e entenda como as brigas dos pais impactam os filhos, e descubra formas de evitar que as crianças acabem carregando fardos desnecessários por toda sua vida.
As brigas dos pais impactam os filhos por toda a vida
Onde há relações interpessoais, há também a probabilidade de conflitos. Ainda que sejam pequenos desentendimentos gerados por diferenças de opiniões, o fato é que nem sempre as pessoas administram corretamente as reações frente às divergências.
Quando as relações são mais intimas, as pessoas tendem a sentir-se mais livres em se expressar – e às vezes extrapolam. A união de duas pessoas, independente do modelo, se encaixa bem na definição de relação intima.
Mas, quando as crianças chegam e a rotina do casal muda, as instabilidades são quase inevitáveis. É um fato: a chegada dos filhos muda a relação dos casais em diferentes aspectos. No entanto, cabe aos adultos lidarem com as mudanças sem que isso afete seus filhos.
Os conflitos existem na vida de um casal, e não se engane, continuarão existindo. Até certo ponto, quando ambos conseguem conduzir bem a situação, os filhos conseguem aprender como reagir assertivamente diante das diferenças.
Porém, as crianças não absorvem nada de positivo quando são expectadoras das brigas dos pais, onde um – ou ambos – demonstram apenas falta de respeito, e até violência em alguns casos.
Quando as brigas dos pais afetam além da infância
Já existem estudos que comprovam o quanto pode ser danoso expor os filhos às brigas dos pais. De acordo com uma análise psicológica publicada no Journal of Social and Personal Relationships, as crianças podem levar para a vida adulta os impactos causados pelas brigas domésticas da infância.
No estudo, crianças entre 9 e 11 anos que estavam expostas às brigas dos pais, apresentaram:
- Insegurança;
- Sentimento de culpa;
- Ansiedade;
- Agressividade;
- Problemas de relacionamento.
Segundo o psicanalista e professor Élcio Mascarenhas, do Hospital Santa Marcelina, o ser humano evolui em etapas.
Contudo, quando alguém passar para o próximo nível, as etapas anteriores seguem com ele. São as experiências vivenciadas na infância e adolescência que moldam o adulto.
Confrontos eventuais podem ser positivos, mas o inverso não
Dentro de um conflito entre os pais, ainda que haja um diálogo mais agressivo, se ele for contido durante a dinâmica da situação, pode ser tolerável. A criança pode entender que os ânimos alterados foram controlados por não ser a melhor conduta.
Porém, um excesso de desentendimentos no lar, mesmo que contidos pelos pais, pode ser visto pela criança como um padrão de comportamento, e ser repetido não apenas na infância, mas durante toda a vida.
Debater assuntos é positivo, assim as crianças podem compreender como escolher uma posição, defendê-la respeitosamente e quando se deparar com impasses, entender como solucioná-los.
Isso pode estimular as crianças a buscar soluções criativas, sempre considerando as opiniões debatidas.
Porém, quando constantemente existe violência durante as divergências, seja verbal ou física, as chances de que o pequeno expectador considere a violência como sua forma de expressão – em outras faixas etárias – é grande.
Crianças percebem o ambiente e observam as ações
Os filhos aprendem observando, sobretudo as atitudes dos adultos, muito mais do que com orientações em palavras. Dessa forma, atitudes como ignorar o chamado ou a presença do parceiro, geram um clima hostil que é facilmente percebido pelos filhos.
Se uma das partes evita dialogar e prefere desconsiderar as necessidades do cônjuge, está claramente demonstrando uma forma de comportamento para as crianças.
Esses são conflitos silenciosos, mas que não deixam de ser notados pelos filhos. Brigas nem sempre envolvem gritos e ofensas.
Consequências das frequentes brigas dos pais
O professor de psicologia da Universidade de Sussex, Gordon Harold, é autor de um estudo chamado: How Family Relationships Affect Children’s Early Development. Dentre as análises, estão os confrontos interparentais e também a violência doméstica.
Estes dois aspectos foram tidos como os que mais impactam as crianças, e quando elas estão sujeitas à frequentes e intensas brigas dos pais, se tornam propensas a desenvolver no futuro:
- Depressão;
- Transtornos de conduta;
- Automutilação;
- Psicose;
- Baixo rendimento escolar;
- Uso de substâncias indevidas;
- Suicídio.
Ainda de acordo com o Harold, tais consequências podem atingir filhos biológicos ou adotivos, que morem com o casal ou convivam com pais separados.
Se as brigas sempre vão existir, como lidar?
Sim, precisamos ser realistas, conflitos na família existirão sempre. Mas, isso não precisa ser destrutivo para o casal, muito menos para as crianças. É uma questão de escolher a postura correta diante do problema.
Descarte sempre a violência
A violência tem diferentes facetas, pois quando ela é usada o objetivo central é causar dor da outra pessoa. Para isso, vale:
- Palavras;
- Gestos;
- Gritos;
- Ofensas;
- Ameaças;
- Agressão física.
Dentre outras formas de causar sofrimento. Mas, geralmente quando chega nesse ponto, quem desfere os golpes quer que sua “versão da verdade” seja aceita custe o que custar.
Durante um conflito, é preciso olhar o outro como alguém que observa a situação sob outro ponto de vista e não como um inimigo.
Promova discussões justas
O diálogo precisa ser coerente, onde cada um se expressa, falando o que pensa e como se sente respeitosamente. Na solução, não existe um lado mais certo que o outro, o que existe é algo que se constrói considerando a opinião de ambos.
Quando os filhos visualizam uma dinâmica como essa, dentro de sua visão subjetiva, conseguem compreender melhor as atitudes dos adultos e vivenciam a situação tirando algum proveito.
Se existe diálogo e respeito na forma como o conflito se desenrola, as crianças evoluem para outra fase percebendo que há diferença entre as pessoas. No entanto, crescem preocupados em gerar soluções mais justas e tolerantes em suas relações.
Como as crianças entendem as brigas dos pais
Cada idade tem seus próprios dilemas, mas quanto menor for o repertório da criança, menos compreensão ela terá dos fatos. Desse modo, ela vai absorver o que vê e ouve – quase sempre – de forma distorcida.
Segundo a psicóloga Adriana Müller, comentarista do quadro da CBN e Família de Vitória, quando os filhos observam as brigas dos pais, eles sentem insegurança naquele ambiente. Posteriormente, poderão desenvolver doenças e distúrbios.
Sendo assim, a psicóloga esclarece que as divergências do casal não devem ser negadas e nem postergadas. Mas, os adultos devem ter controle de suas emoções, e se forem flagrados durante uma briga, evitar dar continuidade.
Na sequência, explicar às crianças que o conflito não é culpa delas e que será resolvido pelos pais. Isso porque, os pequenos tendem a absorver o que veem e escutam durante uma discussão, em contextos que vão além das palavras ditas.
Entretanto, as crianças ainda não tem ferramentas emocionais maduras o suficiente para lidar com isso.
Pais não são perfeitos
Diante da responsabilidade de educar outro ser humano, cada pai e mãe com suas próprias bagagens, pode se ver diante de constantes erros e acertos. Mas, tudo isso faz parte do universo da maternidade e da paternidade. Ensinamos os filhos e durante o processo vamos aprendendo também.
Não se culpe se você expôs seus filhos às situações de conflitos. Pais não são perfeitos. Suas ações do passado não mudarão, mas você pode fazer diferente agora e trilhar um futuro diferente, mais harmonioso.
Explique aos seus filhos a importância de reconhecer as falhas, pedir desculpas e aja demonstrando que o amor é o grande balizador das suas ações. Viver em família é isso, e está tudo bem, “até a perfeição existem muitas falhas”.
É impressionante como tudo isso é tão real. Hoje, com 23 anos, olho para minha infância e me lembro das brigas constantes em casa. Essas experiências deixaram marcas que, até hoje, dificultam meus relacionamentos amorosos. Passei por períodos difíceis, incluindo depressão e momentos em que precisei lidar com a automutilação. Embora tenha feito muita terapia, algumas cicatrizes ainda permanecem.
O que aprendi ao longo do caminho é que cuidar da nossa saúde mental é fundamental. Não tenha medo de se afastar de ambientes tóxicos, mesmo que isso seja doloroso. Perdoar nossos pais pode ser um passo importante para seguir em frente. E, ao construir nossos próprios relacionamentos, é essencial ter consciência para não repetir os padrões do passado. É importante quebrar esse ciclo.
Eu convivo com isso desde de quando eu era pequena minha vida paralizou mas que é agredido e meu pai” ódio chamar ele de pai com todas minhas forças ele me causa muito mal meu pai me espancou quando eu tinha 10 anos nunca esqueci daquele dia meu pai bebe muito aliais ele é um viciado minha mãe sempre foi o meu exemplo minha mãe e tudo pra mim eu amo ela muito sabe porque ela não bebe não fuma e nunca em sua vida usou drogas ela é meu orgulho
Comigo foi bem parecido, meu padrasto ameaça minha mãe de morte e fala que só vai sair de casa judicialmente teve um dia que eles brigaram ele deu um soco na cara dela aí minha mãe finge que nada aconteceu, eu só quero ir embora daqui e eu não tenho pra onde ir.
Nossa
Que Deus ajude vcs.
Sinto muito por vc, eu sei exatamente o que e isso, pq passei pelo msm q vc minha mãe já foi agredida várias vezes pelo meu pai e uma dessas ele estava em cima dela enforcado-a só parou pq me viu chorando desesperada pedindo pra parar, hj eu tenho ansiedade, insegurança não sinto nenhum tipo de afeto por ele, não gosto de ficar perto dele , e sabe o que e pior? Depois de tudo que minha mãe passou e sofreu ela continua com ele , ela virou uma pessoa totalmente dependente dele e triste mas e a verdade, espero que um dia ela se livre disso.
Meu pai enforcou minha mãe na minha frente por isso tem depressão ansiedade odeio ficar no local onde isso aconteceu e vários distúrbios eles viviam se xingando por isso toda vez que vejo uma briga começo a me tremer
Tmb vivi momentos terríveis na infância mas através da leitura da palavra de Deus, oração e contar pata Deus o que senti quando vi aquilo ele vem me tratando e curando minhas feridas da infância.