Lidar com o pai do seu filho depois de uma separação quase sempre é complexo e envolve muitas dimensões: sentimentos, questões financeiras, a rotina do filho e a retomada da vida pessoal.
Embora esse processo possa vir carregado de dificuldades, é preciso buscar maneiras de construir uma convivência que priorize o bem-estar da criança e possibilite que todos sigam em frente com respeito e cooperação.
Desde o momento em que o relacionamento termina, é muito comum que sentimentos de frustração, tristeza e raiva surjam com certa força.
Contudo, se esses sentimentos não forem administrados, podem dificultar a comunicação com o ex-parceiro, comprometendo a estabilidade emocional do filho e dos demais envolvidos.
O emocional da mulher após uma separação
Enfrentar uma separação é um dos momentos mais difíceis na vida de uma mãe. Além das emoções reviradas, há ainda a necessidade de continuar conectada ao ex-parceiro por causa dos filhos, tornando tudo ainda mais penoso.
Mas, pensando em formas de superar, primeiramente, é essencial permitir-se sentir para entender a dimensão das suas dores. Sentimentos como tristeza, rejeição, raiva e até negação são naturais e até esperados.
Reconhecê-los e expressá-los, seja conversando com amigos, se recolhendo para chorar ou fazendo terapia direcionada ao problema, ajudará a processar toda a dor.
O segundo passo é cuidar de si mesma sem culpa.
Ser mãe é apenas uma parte de quem você é, e dedicar tempo a atividades que tragam prazer e bem-estar pessoal, como hobbies ou passeios são mais que opções, são coisas necessárias para distrair sua mente tirando o foco da situação que está enfrentando.
E, com o tempo, abrir-se para novas experiências e relacionamentos será um caminho meio que natural. Porém, quando mencionamos “tempo”, não há um número exato. Podem ser meses para algumas pessoas e anos para outras.
Entretanto, respeitar seu ritmo pessoal e estar atenta às suas necessidades emocionais são os passos mais importantes para construir novas conexões de forma saudável.
Não se cobre quanto a isso e lembre-se sempre, sua trajetória é única, pessoal e intransferível. Dar pequenos passos em direção à cura e ao recomeço é fundamental, mas tudo tem sua hora.
Com paciência e amor próprio, você irá transpor os obstáculos e transformá-los em degraus rumo ao crescimento e renovação.
A retomada da vida amorosa após a separação
Conforme já vimos, a separação traz desafios emocionais relevantes.
Nesse sentido, algumas mulheres se sentem culpadas ou inseguras ao retomar a vida sentimental após o término do relacionamento com o pai do seu filho.
Esse sentimento de culpa, por vezes, surge da dúvida sobre estar realmente fazendo o melhor para si e para a criança.
Mas, uma vez que a decisão está tomada, as mães costumam se perguntar como apresentar um novo relacionamento sem que o filho se sinta ameaçado ou substituído. E a chave para lidar com essa situação começa com um diálogo sincero.
Converse de forma honesta, adaptando a linguagem à idade do filho, explicando que as mudanças no modelo de família não significam perda de amor.
O que você como mãe sente por ele jamais irá se diluir com a chegada de uma nova pessoa à dinâmica familiar.
Entretanto, busque apresentar o novo parceiro de forma gradual, respeitando o tempo da criança e garantindo que o amor e a atenção como mãe permaneçam inalterados.
Também vale mencionar que relações sem potencial para durar não precisam necessariamente chegar ao convívio da criança.
Afinal, os pequenos se apegam facilmente e todo tipo de afastamento de pessoas com as quais se afeiçoam – momentâneo ou permanente – pode gerar dores emocionais das quais eles ainda não têm recursos nem maturidade para lidar.
Falando sobre dinheiro com o ex, pai do seu filho
Conversas sobre dinheiro podem ser complicadas e o ideal é que esses assuntos sejam tratados com clareza e transparência, sempre com a orientação de garantir que o filho tenha o suporte necessário para seu desenvolvimento.
Mas, se as conversas se tornarem muito tensas, recomendamos buscar o apoio de um profissional especializado, que possa ajudar a encontrar um terreno comum, evitando que uma missão financeira se torne um campo de batalha.
Contudo, considerando a hipótese de que não haja um acordo entre os pais com relação ao sustento do filho, é importante ressaltar que a pensão é um direito da criança do qual não se pode simplesmente abrir mão.
Sendo assim, você pode tentar estabelecer um acordo financeiro com base nas necessidades reais do seu filho após acessar orientação jurídica, pois isso ajuda bastante a despersonalizar a questão do dinheiro.
Porque no final das contas, o ideal seria que os pais conseguissem separar os aspectos financeiros das emoções, onde o foco passaria a ser o sustento e a qualidade de vida da criança – mas infelizmente isso não costuma acontecer sem a presença de um advogado.
A nova rotina com o pai do seu filho após a separação
Inicialmente, os conflitos entre ex-parceiros podem variar na rotina e na convivência com o filho.
Por exemplo, em situações em que um pai insiste em uma rotina muito rígida e o outro adota uma postura mais flexível, a criança acaba se sentindo dividida e, por vezes, insegura sobre como se portar.
Cada pai pode ter uma visão diferente sobre a disciplina, o estilo de educação e a participação no dia a dia da criança, e essas divergências podem causar confusão no pequeno, que passa a perceber as regras como inconsistentes.
Nesses casos, estabelecer uma rotina forte, com regras bem definidas e acordadas entre os responsáveis, pode ser uma maneira de minimizar conflitos.
E mesmo que a implementação dessas regras exija tempo e paciência, os benefícios para o bem-estar do filho sempre compensam.
Mediação especializada
Os desentendimentos dos pais podem gerar ansiedade na criança ou mesmo dificuldades na escola, pois ela capta as tensões e passa a internalizá-las.
Por essa razão, os pais precisam ter uma comunicação respeitosa e amigável, sobretudo na presença do filho, sempre com o objetivo de alinhar as práticas parentais e evitar que o ambiente se torne instável.
Mas, quando as discussões se tornam recorrentes e afetam a convivência, o apoio de um mediador familiar extrajudicial pode ser decisivo.
Esse profissional ajuda a organizar as conversas, estabelecendo regras de diálogo e orientando sobre como tratar os assuntos mais delicados, como a pensão e a organização do tempo com o filho.
Pode até não parecer a princípio, mas esse tipo de mediação tem potencial para melhorar a comunicação do ex -casal, possibilitando que ambos os pais se concentrem no bem-estar do filho em vez de disputas pessoais.
Assim, o ambiente familiar, mesmo dividido, pode ser estruturado e previsível, trazendo tranquilidade para o pequeno.
7 atitudes a serem evitadas ao lidar com o pai do seu filho após a separação
Evitar certos comportamentos poderá prevenir conflitos e contribuir para a paz na relação dos pais mesmo após uma separação.
Abaixo, destacamos 7 atitudes (com exemplos) do que você deve evitar:
- Usar a criança como mensageira ou espiã
Não envolva seu filho em assuntos que dizem respeito apenas aos adultos. Pedir que ele leve recados ou traga informações sobre o outro genitor pode colocá-lo em uma posição desconfortável e prejudicar seu bem-estar emocional.
Exemplo: Solicitar que o filho pergunte ao pai sobre detalhes financeiros ou pessoais. Comunique-se diretamente com o pai da criança sobre assuntos pertinentes, utilizando canais adequados e preservando seu filho.
- Alienação parental
Falar mal do pai na presença do filho ou tentar afastá-lo do convívio configura alienação parental.
Exemplo: Dizer ao filho que o pai não se importa com ele ou que o genitor é o único responsável pela separação. Escolha manter uma postura neutra ou positiva ao se referir ao pai do seu filho, incentivando uma relação saudável entre eles.
- Discutir ou competir na frente dos filhos
Conflitos ou competições para ganhar a preferência da criança são péssimos.
Exemplo: Disputar quem oferece os melhores presentes ou quem é o “melhor” pai/mãe, não traz nenhum benefício para a relação com a criança. Foquem em decisões adultas que contribuam para o desenvolvimento saudável do filho.
- Desrespeitar acordos
Ignorar ou desrespeitar os termos determinados legalmente sobre a guarda da criança pode gerar desentendimentos que poderiam perfeitamente ser evitados.
Exemplo: Alterar por conta própria horários de visita ou impedir o pai de ver o filho sem justificativa válida é ruim para todos os envolvidos. Cumpra os acordos estabelecidos e, se necessário, busque revisá-los legalmente de forma conjunta.
- Expor a criança à tensões
Deixar que uma criança testemunhe ou seja envolvida em conflitos é muito prejudicial.
Exemplo: Discutir questões financeiras ou pessoais na presença do filho deve ser evitado a todo custo. Só faça isso em momentos privados, longe da presença da criança.
- Impedir ou dificultar o convívio com a família paterna
Afastar uma criança dos avós, tios ou outros familiares paternos sem motivo plausível afeta seu senso de pertencimento e suporte familiar.
Exemplo: Recusar visitas ou contato com familiares do pai sem razão realmente válida. Sempre facilite e incentive o relacionamento da criança com ambos os lados da família, salvo em situações que comprometam seu bem-estar.
- Negligenciar a comunicação
Deixar de informar o pai sobre questões relevantes da vida do filho, como saúde, educação ou eventos importantes, afeta o desenvolvimento da criança.
Exemplo: Não comunicar sobre reuniões escolares ou problemas de saúde é algo inadmissível. Mantenha o pai informado sobre aspectos importantes da vida do filho, contribuindo para uma co-parentalidade responsável. Pense que se fosse o inverso, você também não ficaria feliz com tal atitude.
Embora o caminho após uma separação não seja isento de dificuldades, focar em uma relação funcional com o ex demonstra que é possível encontrar um equilíbrio já que amor pelo filho é algo que os pais sempre terão em comum.
E vale a pena focar nesse objetivo para que a criança tenha uma experiência de vida mais estável e que os pais consigam, mesmo separados, continuar oferecendo a base de carinho, amor e segurança que ela merece.