A infância e a adolescência são períodos de descobertas e muito aprendizado, mas assim como os adultos, as crianças e adolescentes também estão suscetíveis ao estresse.
Seja pela rotina escolar intensa, pressão social, eventos familiares ou mudanças impactantes, cada fase da vida pode trazer situações que afetam a saúde mental dos jovens.
Com a rotina acelerada das crianças e as expectativas sempre crescentes sobre elas, muitos pais se perguntam se determinados comportamentos dos filhos não estão sendo influenciados por algum nível de estresse.
Desse modo, para ajudar a identificar se seu filho está passando por momentos de tensão e fornecer as ferramentas adequadas para ajudá-lo, vamos abordar os principais sinais de estresse e estratégias para que possa apoiá-lo.
Identificando os sinais de estresse em crianças e adolescentes
O estresse se mostra de maneiras diversas em crianças e adolescentes, e pode não ser tão fácil identificar se alguns comportamentos são uma resposta natural a novas situações ou se é reflexo de estresse acumulado.
Mas, alguns sinais podem indicar que seu filho está estressado, veja quais:
- Mudanças de humor e irritabilidade
Um sinal de alerta é a demonstração frequente de emoções com intensidade exagerada, como frustrações ou acessos de raiva desproporcional aos acontecimentos que geraram tais sentimentos.
Esse tipo de comportamento pode sinalizar que a criança está lidando com emoções que não sabe expressar especificamente ou lidar de forma assertiva.
- Sono ruim
O estresse infantil pode afetar a qualidade do sono, resultando em dificuldades para adormecer ou acordar várias vezes durante a noite.
Portanto, crianças e adolescentes que sofrem com insônia ou pesadelos recorrentes também sugerem algum tipo de tensão interna.
- Apetite alterado
Alguns podem perder completamente o interesse pela comida, enquanto outros passam a comer compulsivamente como uma forma de compensação emocional.
Preste atenção nisso, pois essas alterações no apetite se intensificam em situações de pressão, como a chegada de provas, mudanças escolares ou conflitos em casa.
- Baixo desempenho escolar repentino
Se seu filho era normalmente bem-sucedido nas atividades escolares e, de repente, começa a ter dificuldades com o desempenho, isso pode indicar alguma sobrecarga emocional.
É preciso analisar com cuidado, uma vez que o estresse interfere diretamente na capacidade de concentração e na memória, resultando em dificuldades para assimilar conteúdos e concluir tarefas.
- Queixas físicas sem causa aparente
Crianças e adolescentes demonstram com certa frequência suas emoções por meio de sintomas físicos, como dores de cabeça, dor de estômago, tensão muscular ou cansaço excessivo.
Contudo, esses sintomas, muitas vezes, não confirmam uma causa médica específica, o que pode sugerir que estão relacionados ao estresse.
4 causas comuns de estresse em crianças e adolescentes
Cada fase da infância e da adolescência traz consigo diferentes possibilidades de estresse, que podem variar desde mudanças familiares até questões sociais e escolares. Listamos abaixo as 4 mais comuns:
- Pressão escolar e expectativas elevadas
Para grande parte das crianças e adolescentes, o ambiente escolar é a principal fonte de estresse. Isso porque, provas, atividades extracurriculares e as expectativas dos pais para que tenham um desempenho excepcional causam uma pressão genuína.
Com isso, a busca pela perfeição e o medo de desapontar podem desencadear níveis diferentes de estresse, principalmente em adolescentes que estão se preparando para o vestibular.
- Bullying e conflitos sociais
Embora não pareça, as relações sociais também são uma fonte de estresse para crianças e adolescentes.
Experiências de bullying, exclusão social ou brigas entre amigos podem criar uma sensação de insegurança, prejudicando a autoestima e a confiança dos jovens.
Esse tipo de situação estressante é especialmente comum em adolescentes que se preocupam muito com a aceitação de grupos.
- Mudanças familiares
Alterações na estrutura familiar, como separação de pais, mudança de casa ou chegada de um novo irmão, podem desestabilizar emocionalmente crianças e adolescentes.
Por diversas razões, eles podem se sentir inseguros ou temer pela estabilidade da família, o que acaba resultando em um estresse emocional relevante.
- Exposição a notícias
Com o fácil acesso a dispositivos eletrônicos, crianças e adolescentes estão cada vez mais expostos a informações que podem ser estressantes para eles, como notícias sobre crises, violência ou desastres naturais.
Contudo, devido a falta de maturidade emocional dos mais jovens, esse tipo de exposição à mídia pode gerar medo e ansiedade, principalmente para aqueles que ainda estão desenvolvendo sua compreensão sobre o mundo.
Como ajudar crianças e adolescentes a lidar com o estresse
Identificar a existência do estresse é importante, mas tão essencial quanto é fornecer apoio adequado para que seu filho aprenda a lidar de forma inteligente com as questões emocionais.
Abaixo, estão algumas estratégias para ajudar a diminuir o estresse e estabelecer um ambiente de apoio.
Diálogo constante
O primeiro passo para ajudar seu filho a lidar com o estresse é estabelecer uma comunicação honesta e acolhedora. Tente conversar regularmente, demonstrando interesse genuíno sobre seu dia a dia, amigos e atividades.
No entanto, evite julgamentos e críticas, permitindo que ele se sinta seguro para expressar suas preocupações e emoções sem receios.
Atividades físicas e de relaxamento
Qualquer atividade física contribui de forma relevante para o alívio do estresse, pois ajudam a liberar endorfinas, os hormônios do bem-estar.
Desse modo, incentive seu filho a se movimentar seja praticando um esporte que ele goste ou mesmo fazendo uma simples caminhada ao ar livre.
Além disso, mostre as opções de técnicas de relaxamento, como meditação guiada ou exercícios de respiração, que são ótimas alternativas para adolescentes que enfrentam desafios emocionais.
Rotinas e limites para o uso da tecnologia
A tecnologia pode ser um recurso positivo, mas, quando usada em excesso, pode causar estresse e ansiedade sem que os jovens percebam.
Por isso, estabeleça limites para o uso de aparelhos eletrônicos, especialmente antes de dormir, e incentive atividades offline que promovam interação social saudável.
Metas realistas
Converse com seu filho sobre a importância de definir metas possíveis de alcançar para a escola e para a vida pessoal.
Além disso, ajude-o a enxergar os erros como oportunidades de aprendizado, em vez de focar apenas em resultados positivos.
Essa abordagem pode aliviar a pressão de ser perfeito e permitir que ele explore seus interesses com mais leveza.
Estresse na adolescência
A adolescência é um período de intensas mudanças físicas, emocionais e sociais.
Além dos fatores de estresse já mencionados, os adolescentes também enfrentam pressões adicionais, como a descoberta da própria identidade, dos relacionamentos amorosos e das expectativas sobre o futuro escolar e profissional.
Grande parte dos adolescentes resistem a falar sobre seus sentimentos, mas a presença constante e o apoio silencioso dos pais pode fazer uma grande diferença.
Sendo assim, foque em ouvir ativamente, conversando sobre saúde mental da forma mais natural possível, evitando pressões adicionais.
Ademais, incentive seu filho a se conectar com amigos e a buscar atividades em grupo que tragam bem-estar.
Sinais de que é hora de buscar ajuda profissional
Embora alguns níveis de estresse possam ser comuns, é fundamental considerar os sinais de que o estresse está se tornando algo preocupante.
Caso seu filho demonstre comportamentos de isolamento prolongados, queda brusca no rendimento escolar, autocrítica excessiva ou mudanças extremas de apetite e sono, é importante considerar a busca de ajuda especializada.
Profissionais de saúde mental podem fornecer técnicas de manejo individualizadas, direcionando a criança ou adolescente em sua jornada de desenvolvimento emocional.
O estresse pode fazer parte da vida, mas é importante que nossos filhos tenham o apoio necessário para lidar com ele de forma saudável.
Para os pais e cuidadores, a prioridade é manter em casa um ambiente seguro e acolhedor, onde a criança sinta que pode ser ouvida em todas as suas dúvidas e questões.
Por isso, observe, converse e esteja ao lado de seu filho, orientando-o para que ele aprenda a cuidar de sua saúde mental desde cedo – uma lição que ele carregará para toda a vida.