Ao se deparar com a questão do uso de drogas, muitos pais podem se perguntar qual é o momento adequado para falar com seus filhos sobre o assunto.
E essa é uma preocupação muito legítima, pois com o aumento da exposição ao uso de drogas entre os jovens, é fundamental que essa conversa aconteça mais cedo do que imaginamos.
O consumo precoce de álcool e tabaco, por exemplo, pode ter sérias consequências para a saúde a longo prazo.
Portanto, é essencial abordar o assunto com as crianças antes que elas se deparem e desejem experimentar essas substâncias por conta própria – e sem nenhuma informação consistente para fazê-las refletir sobre os males que causam.
Abordagem gradual
O pediatra João Paulo Lotufo, especialista no tema de combate ao uso de drogas por crianças e adolescentes, destaca a importância de uma abordagem gradual.
Assim, os pais podem começar falando sobre drogas lícitas, como álcool e tabaco, para crianças mais novas, adaptando a conversa de acordo com o desenvolvimento e compreensão de seus filhos.
No entanto, esse bate papo não deve ser único e pontual. À medida que a criança cresce, é fundamental continuar abordando o tema de maneira progressiva, fornecendo informações mais detalhadas sobre os diferentes tipos de drogas e seus efeitos no corpo.
A relevância do exemplo quando se fala do uso de drogas
O exemplo dos pais desempenha um papel importante, pois se eles consomem álcool ou tabaco, é interessante refletirem sobre como isso afeta o comportamento e as escolhas de seus filhos.
Além disso, um ambiente familiar acolhedor pode ajudar a prevenir o uso de drogas, proporcionando aos filhos segurança e confiança para discutir suas preocupações e dúvidas sobre o assunto.
7 formas de falar sobre o uso de drogas, na prática
- Esclareça as diferenças entre drogas lícitas e ilícitas: fale sobre as distinções entre substâncias legalmente aceitas, como álcool e cigarros, e aquelas proibidas por lei, como maconha e cocaína. Mas, explique que a legalidade não determina necessariamente a segurança das drogas.
- Destaque os impactos negativos no corpo e na mente: converse sobre os efeitos prejudiciais que essas substâncias podem ter, incluindo questões de saúde física e mental, destacando os riscos associados ao consumo.
- Utilize recursos educativos adequados à idade: recorra a livros, vídeos e jogos educativos que abordem o tema de maneira acessível e compreensível para a faixa etária do seu filho.
- Crie um ambiente de diálogo aberto: estabeleça um ambiente acolhedor e receptivo, onde seu filho se sinta à vontade para fazer perguntas e compartilhar suas percepções sobre o uso de drogas, demonstrando interesse genuíno em suas preocupações e experiências.
- Esteja disponível para responder de forma honesta: esteja preparada para responder às dúvidas do seu filho com clareza e honestidade, evitando estigmatizar ou demonizar o uso de drogas. Forneça informações precisas e baseadas em fatos, adaptadas à compreensão da criança.
- Ensine habilidades de resistência à pressão dos colegas: ajude seu filho a reconhecer e resistir à pressão dos colegas para experimentar drogas. Simule situações de pressão e discuta estratégias para lidar com elas de forma assertiva e segura.
- Estimule habilidades de tomada de decisão: auxilie seu filho no desenvolvimento de habilidades para tomada de decisão, explorando cenários hipotéticos e discuta sobre as consequências potenciais das diferentes escolhas.
Essas estratégias podem te ajudar a criar uma base de informações interessante sobre os malefícios do uso de drogas, capacitando seu filho a tomar decisões seguras sobre o assunto.
Reconhecendo sinais de alerta
Estar atento a possíveis sinais de que seu filho possa estar experimentando ou usando drogas é crucial para intervir e oferecer o suporte necessário.
Alterações repentinas no comportamento, como isolamento social, perda de interesse em atividades antes apreciadas e mudanças de humor inexplicáveis, podem indicar problemas relacionados ao uso de substâncias.
Observe também os sinais físicos, como olhos vermelhos, dilatação ou contração das pupilas, alterações no sono e no apetite, além de mudanças no desempenho escolar e negligência de responsabilidades em casa.
Fique atenta às atividades suspeitas, como saídas frequentes sem explicação ou a presença de novos amigos sem que você os conheça.
A importância do suporte adequado para todos os envolvidos
Se você desconfiar que seu filho está enfrentando problemas relacionados ao uso de drogas, é essencial oferecer suporte emocional e procurar ajuda profissional, sem julgamento ou crítica.
Por mais difícil que seja, abra um espaço para conversas sinceras e sem pressão, demonstre compreensão e empatia em relação aos desafios que seu filho possa estar enfrentando.
Se achar válido, procure auxílio de um médico, psicólogo ou terapeuta especializado em dependência química para orientação sobre como proceder.
Lidar com o tema do uso de drogas com nossos filhos pode ser desafiador, mas é uma parte importante do processo de educação e orientação. Portanto, não tem como fugir.
Porém, com dedicação, diálogo aberto e orientação adequada, poderemos ajudar nossos filhos a desenvolver resiliência e habilidades de enfrentamento, capacitando-os a fazer escolhas responsáveis ao longo da vida.