A alimentação é parte crucial da vida do ser humano, mas infelizmente muitas pessoas desenvolvem relações pouco saudáveis com a comida – e sofrem as consequências disso tanto no âmbito físico quanto psicológico.
É claro que os pais querem que seus filhos sejam saudáveis e felizes. Porém alguns quadros podem surgir de forma inesperada e pegá-los de surpresa, como é o caso de um distúrbio alimentar na infância- que muitas vezes só é percebido em uma idade mais avançada.
Distúrbio alimentar na infância: a motivação por trás disso
Segundo especialistas, os distúrbios alimentares são comportamentos que representam uma relação deturpada com a comida. Crianças que sofrem dessa psicopatologia encontram dificuldades para se alimentarem de forma equilibrada no dia a dia, fazendo da alimentação uma atividade de grande sofrimento. Elas comem muito ou não comem o suficiente.
Os distúrbios mais comuns são a Anorexia Nervosa, Bulimia e Compulsão Alimentar. Conforme descrito na 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, esses transtornos podem ser caracterizados tanto pelo consumo excessivo quanto pelo consumo abaixo do ideal para sobrevivência.
Identificar um comportamento doentio com relação à comida é mais fácil quando falamos de adultos e adolescentes. No entanto, nas crianças isso pode ser um pouco mais complexo.
Quais são os sinais de distúrbio alimentar na infância?
A compulsão alimentar é o distúrbio mais comum na infância. A única forma de identificá-lo é observando o comportamento da criança com relação à comida. Veja alguns sinais que podem ajudar:
- A criança se alimenta de forma muito acelerada em comparação a outras da mesma idade;
- Costuma mastigar mal, engolindo os alimentos sem triturar corretamente;
- A criança quer comer fora do horário, incluindo muitas vezes refeições durante a noite;
- Mesmo depois de comer a criança não aparenta estar plena ou satisfeita;
- A criança demonstra agitação e angústia após se alimentar;
- É comum ver essa criança tentando comer escondida;
- Come mais do que o necessário, demonstrando claramente um excesso.
Vale ressaltar que nem sempre a criança que sofre com problemas e compulsão alimentar apresenta todos os sinais. Eles podem ocorrer de forma isolada também.
O mais importante é entender que muitas vezes esses sinais são ignorados. Muitos sinais dados pelas crianças sobre situações que demandam atenção acabam passando batido por pais e responsáveis. Às vezes, crianças um pouco maiores podem tentar disfarçar e pais menos atentos podem realmente não notar.
No caso do distúrbio alimentar infantil, quanto mais cedo o diagnóstico mais rapidamente o problema pode ser controlado e menos danos ele causará a longo prazo. É por isso que a atenção é algo tão importante.
O papel da mídia na educação alimentar de crianças
Tão importante quanto entender quais são os sinais de que há um problema alimentar é entender o que pode desencadear esse quadro
É preciso considerar, nesse contexto, que crianças são criaturas vulneráveis e suscetíveis as mais variadas influências. Por exemplo: se o seu filho fica muito tempo na frente da televisão, ele verá muitos anúncios de alimentos ultra processados e pouco nutritivos.
Isso pode bastar para que a criança comece a olhar com desinteresse para a comida caseira e queira sempre comer fora.
O grande problema é que muitas vezes as marcas apelam, atribuindo a esses alimentos industrializados valores nutricionais que eles não possuem.
Você já deve ter visto algum biscoito dizendo que oferece nutrientes essenciais para a infância, ou aquele iogurte carregado e açúcar jurando que é a melhor opção para o café da manhã.
Muitos pais acabam comprando essa ideia e realmente acham que esse tipo de alimento é suficiente e uma boa alternativa para os filhos.
O que fazer quando a criança tem o distúrbio?
É muito difícil minar as crianças para que não sofram as interferências externas. Então, qualquer um está sujeito a desenvolver distúrbios alimentares. Existem algumas dicas que os pais podem seguir para ajudá-las.
Fuja dos supostos alimentos prontos para crianças:
Não existe “alimento para crianças”. Embalagens que se vendem usando esse discurso estão, na verdade, empurrando um produto altamente calórico, cheio de açúcar e outros ingredientes nada nutritivos.
Criança come exatamente o que o adulto come. Portanto, essas papinhas e misturas prontas são produtos “de engorda”, que estimulam o ganho de peso, mas que efetivamente não nutrem.
A praticidade pode ter um alto custo neste sentido. A alternativa é cozinhar em casa e você mesma congelar as refeições, a praticidade se mantém e você sabe exatamente a origem da refeição.
Não use a comida como castigo ou recompensa:
Esse é um movimento quase natural dos pais ou responsáveis: a criança tomou vacina? Ganha um sorvete. A criança comeu toda a comida? Ganha um chocolate. Chorou demais? Vai comer tomate e não hambúrguer…e por aí vai.
Esse tipo de ação parece inocente, mas pode contribuir diretamente para o distúrbio alimentar na infância. Preste atenção na lógica.
Se você oferece o chocolate somente se a criança comer determinada coisa, considerando que a sobremesa cheia de açúcar é mais saborosa para a criança você estimula o seguinte pensamento:
A sobremesa é supervalorizada. Para obtê-la, portanto, a criança precisa se sacrificar comendo o legume, que por sua vez, não tem valor. Essa supervalorização da sobremesa pode ser um prato cheio para o vício em doces.
Eduque pelo exemplo:
Como os pais podem exigir que a criança se alimente corretamente se eles mesmos não o fazem? Mostrar para a criança como comer corretamente é importante, pois elas aprendem mais pelo exemplo do que por orientações faladas.
Principais motivos para problemas alimentares
Problemas alimentares podem ser causados por uma série de fatores. A seguir você verá uma lista com alguns dos contextos que acabam levando a esses problemas:
Insegurança afetiva:
Crianças que não se sentem amadas ou acolhidas em seus lares tendem a desenvolver distúrbio alimentar na infância por conta da instabilidade emocional e descontrole dos níveis de estresse. Geralmente, elas “compensam” a insatisfação na comida.
Preconceito familiar:
Também há situações em que as crianças podem parar de comer por conta da pressão estética e gordofobia que sofrem dentro do próprio lar.
Às vezes os comentários maldosos não são diretamente direcionados à criança. Mas se ela se acostuma a ver a mãe ou o pai sempre se autodepreciando ou reclamando e ter ganhado alguns quilos, ela logo vai compreender que qualquer aumento no peso é algo desprezível.
Rejeição:
Quando a criança passa por uma experiência de rejeição ou sensação de rejeição ela pode tentar preencher esse vazio justamente com a comida, caindo na temida compulsão alimentar.
É comum que a criança esteja em busca da sensação de satisfação que sente após se alimentar, e o descontrole começa assim.
Como é tratada uma compulsão ou anorexia?
Geralmente um quadro de distúrbio alimentar na infância, seja a compulsão ou anorexia/ bulimia, é acompanhado de forma multidisciplinar.
Isso quer dizer que vários especialistas podem se unir para ajudar no tratamento dessa criança. O tratamento normalmente precisa de participação de um nutricionista, psiquiatra, pediatra e um psicólogo.
Porém, muito do problema será solucionado em casa, a partir da disposição dos pais em ajudar essa criança com distúrbio alimentar. É preciso paciência para auxiliar esse pequeno ser em desenvolvimento a desenvolver uma relação mais saudável e prazerosa com a comida.